terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pode parecer pura demagogia, clichê, mas realmente não recomendamos misturar alimentos naturais à ração. Uma coisa é oferecer ração como base da alimentação e ocasionalmente dar um pedaço de fruta ou legume, de carne ou um osso cru para o cão limpar os dentes e se distrair. Outra coisa, bem diferente, é oferecer, sem critério algum, ração misturada a alimentos diversos.
Tudo bem oferecer até 10% do total diário da dieta na forma de lanchinhos ou petiscos. Um exemplo prático: se seu cão come 200 gramas de ração por dia, você pode oferecer a ele até 20 a 30 gramas de algum outro alimento saudável por dia. Isso é o equivalente a 1 colher de sopa, ou a um pedaço do tamanho de um polenguinho, por dia. E, por “alimento saudável” entenda carnes, frutas, legumes, vísceras, ovos, peixes, iogurte e cereais, estes últimos sempre cozidos e sem cebola. Doces, frituras, ossos cozidos, pães franceses ou recheados, etc, não são alimentos apropriados para os pets e devem ser evitados.
Ao ultrapassar regularmente a regrinha dos 10% de lanchinhos, você cria um estado crônico de desequilíbrio nutricional. A ração é um alimento completo e balanceado. Isso significa que ela foi matematicamente formulada para fornecer minerais, vitaminas e nutrientes como lipídeos, proteína e carboidratos na medida certa para a espécie e idade de seu animal de estimação. Veja abaixo o que pode acontecer se, junto com a ração, você oferecer diariamente:
Meaty bones: (ossos carnudos, como pescoços, pés e dorsos de frango): seu pet ingerirá um excesso de cálcio. Os meaty bones estão presentes na Alimentação Natural para fornecer cálcio. Em geral, eles são relativamente pobres em proteína e em fósforo. Já as rações, independente de marca ou qualidade, contêm cálcio em quantidade suficiente ou até um pouco elevadas, em função do baixo custo das fontes de cálcio e do fato de alguns fabricantes utilizarem carcaças e/ou farinha de carcaças (carne com ossos) nas fórmulas como fonte de proteína. É um equívoco comum, reforçado por propagandas e anúncios, acreditar que cálcio nunca é demais e que, mesmo em excesso, faz bem. Isso não procede. O cálcio em excesso pode “petrificar” os tecidos moles dos animais, impedir o desenvolvimento normal dos ossos e das articulações nos filhotes, levar a deficiências de cobre, zinco e outros minerais, agravar quadros de cálculo dentário (“tártaro”) e predispôr à formação de cálculos urinários de oxalato de cálcio, que requerem cirurgia para serem retirados. Além disso, os ossos também são ricos em outros minerais que também estão presentes nas rações e a interação entre eles também vai causar excessos a médio/longo prazo.
Carnes e vísceras: seu pet ingerirá um excesso de fósforo, e até de proteína, caso a ração que ele esteja recebendo contenha um teor de proteínas moderado ou elevado. O fósforo é um mineral presente nas carnes e, em geral, extremamente abundante em vísceras como o fígado. Acontece que o fósforo tem que ser ingerido em uma determinada proporção ao cálcio da dieta. Quem sofre com o excesso de fósforo são os rins do pet, que precisam trabalhar dobrado para eliminar esse mineral do organismo e manter o equilíbrio ideal de cálcio e fósforo. A longo prazo, os ossos também são prejudicados, já que passam a “doar” seu próprio cálcio para que esse mineral atinja níveis superiores ao fósforo na circulação sanguínea.
Vegetais: a oferta de legumes, verduras e frutas em grande quantidade irá diluir os teores de proteína e gordura da ração. Não estamos acostumados a pensar em “dieta” como sendo tudo o que é ingerido ao longo de um dia, mas é assim que funciona. Se um cão come apenas uma ração de boa qualidade e, ocasionalmente recebe até 10% de um petisco saudável, ele ainda está ingerindo aquela quantidade de proteína, gordura, carboidrato, vitaminas e minerais contida na fórmula da ração. Entretanto, se além da ração, ele receber duas frutas por dia, a quantidade total de proteína que ele ingere por dia vinda da ração se tornará mais baixa, porque a quantidade total de outros nutrientes, como fibras e água, por exemplo, terá aumentado em função da oferta de frutas em grande quantidade. Um exemplo bastante simplificado para ilustrar essa questão: uma dada ração fornece 25% de proteína, 20% de gordura, 40% de carboidrato e 15% de fibras. Ao oferecer vegetais acima dos 10-15% permitidos para “extras”, a porcentagem total de fibras na dieta aumenta bastante, o que automaticamente reduz os teores dos demais nutrientes do total diário. Mas há outros problemas. Vegetais em excesso reduzem a absorção de gorduras, vitaminas e minerais, tornam o pH do sangue e da urina mais alcalinos, o que não é bom, e predispõem à formação de cálculos urinários de estruvita. Além disso, há vegetais que fornecem também carboidratos, principalmente açúcares, que, combinados com o amido da ração, podem favorecer o desenvolvimento de obesidade e o aparecimento do diabetes

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